terça-feira, 29 de julho de 2008

Peixes em cativeiro - Questão moral. Leia e entenda!

Você já parou para pensar se o que está fazendo como aquarista é certo ou errado do ponto de vista moral? Já foi questionado com respeito a isso? Saberia defender a sua posição? Esse é um assunto bastante complexo que precisa ser resolvido dentro da cabeça de cada um, pois envolve muitos fatores culturais, religiosos e de criação familiar.

Pelo mundo afora vamos encontrar gente de todo tipo, desde os que não estão nem aí se um peixe está sendo maltratado ou não pois 'afinal é só um peixe', até os que santificam qualquer animal como sendo uma criatura 'divina' e portanto não cabe ao homem decidir sobre a vida e a morte deles. Entre estes dois extremos existe uma vasta faixa de possibilidades para você se posicionar moralmente, mas o problema é que muita gente acaba formando sua opinião ou 'moral', pendendo para um lado ou para outro, sem sequer ter um mínimo de informação que fundamente a sua posição ou, pior ainda, baseado em mitos e conceitos simplesmente errados. O dilema moral de um aquarista responsável e preocupado na verdade são dois:

1) Ao comprar os peixes não estamos sustentando um ramo de atividade que promove exploração da natureza? 2) Um peixe mantido em cativeiro, sem liberdade de ir onde quiser, não leva uma vida infeliz?

Neste artigo vou expor um pouco da minha própria visão no assunto, que obviamente vai pender em favor do aquarismo responsável e consciente que é a proposta geral deste site inteiro, mas espero também conseguir te dar alguns elementos menos subjetivos para você pensar e tirar as suas próprias conclusões.

Criação vs. Coleta

Para abordar corretamente o primeiro dilema, a primeira coisa importantíssima a se perceber é a distância ENORME que existe entre um peixe criado em cativeiro e um peixe coletado da natureza. Como infelizmente ambos os tipos são vendidos sem distinção nas lojas, é comum que o aquarista não perceba a importância desta diferença.

É preciso entender que no caso de criações, os peixes têm tanto a ver com a natureza e ecologia quanto aquele frango ou boi que você comeu no almoço de hoje! Esses peixes foram CRIADOS por nós humanos em aquários ou grandes tanques de reprodução, com o objetivo bem específico de serem vendidos para alguém que vai obter satisfação por tê-lo em sua casa, e em troca gerar receita ao seu criador e ao comerciante que o vendeu. A única diferença dele em relação ao frango ou ao boi é o objetivo final ao qual ele é destinado. Nesse aspecto os peixes ornamentais devem ser encarados no mesmo nível de cães e gatos domésticos. Acho que estão até em vantagem em relação ao frango e ao boi, exceto é claro os pobres peixinhos que vão parar em aquários totalmente impróprios (a discussão sobre mitos do aquarismo e o que é um aquário apropriado para cada espécie fica para outro artigo).


Felizmente, pelo menos no aquarismo de água doce, uma fração enorme das espécies mais comumente encontradas nas lojas já são criadas em larga escala, e portanto um aquarista procurando posicionar-se moralmente pode perfeitamente curtir o hobby comprando apenas espécies já criadas em cativeiro, equiparando o seu hobby com a criação de cães e gatos como já mencionado, e sem nenhum impacto na natureza. Uma boa loja de aquarismo sempre saberá dizer a você quais espécies das disponíveis provém de criadores comerciais e quais são coletadas.

Um argumento a mais e extremamente positivo para quem deseja posicionar-se desta maneira é que já existem diversas espécies de peixes que estão seriamente ameaçadas e algumas já até extintas na natureza, não por causa de coleta excessiva mas devido à redução ou destruição do seu ambiente natural pelo avanço da civilização em nome do 'progresso' (leia-se desmatamento, poluição, etc) e estas espécies só continuam existindo e tendo chances de um dia serem reintroduzidas na natureza devido à criação comercial delas em cativeiro para o aquarismo!

Já no caso do aquarismo marinho a situação geral se inverte...a esmagadora maioria das espécies ainda é coletada da natureza. Ainda estamos engatinhando no lento processo de compreensão e desenvolvimento das técnicas de como reproduzir peixes marinhos em cativeiro, por isso o nível de conscientização e responsabilidade do aquarista marinho deve ser bem maior.

Este segundo caso, dos peixes que pertenciam ao mundo natural e foram coletados para manutenção em aquários domésticos, inegavelmente afeta a natureza em maior ou menor grau. Ainda assim, não devemos imediatamente condenar a prática sem antes entender alguns aspectos importantes sobre ela. São necessários estudos cuidadosos para saber se a natureza está sendo capaz de repor essa perda sem prejuízo a longo prazo para ela. Isto é o que se chama desenvolvimento sustentável, um termo bastante atual em quase todos os ramos que fazem exploração de uma forma ou de outra dos recursos naturais.

A prática questionável acontece quando a exploração (no nosso caso, a coleta dos peixes) é feita demasiadamente ou descontroladamente, (por exemplo em épocas de acasalamento), o pode que levar certas espécies a reduzirem continuamente a sua população até passarem a sofrer risco de extinção. Felizmente existem estudiosos, entidades e órgãos governamentais (por exemplo o IBAMA) que dentre outras coisas estão fazendo esforços sérios e concretos para entender a situação de cada espécie, regulamentar melhor a atividade de coleta e garantir o desenvolvimento sustentável com respeito a elas. A Era de Aquários já foi inclusive consultada pelo IBAMA a esse respeito e estará sempre à disposição para ajudar no que puder.

Pois bem, mesmo o peixe sendo coletado, como eu já disse acima, se isso for feito de tal modo que a natureza seja capaz de repor a perda a longo prazo (e a natureza tem um capacidade fantástica de fazer isso, basta usar o bom senso e não abusar dela), é possível resolver o dilema moral da exploração dos recursos naturais, e ficar apenas com o dilema moral da qualidade de vida do peixe em si, que estará no cativeiro.

Liberdade e Felicidade

Neste ponto entra uma segunda confusão muito comum, principalmente entre leigos e conservacionistas radicais, que é a armadilha do "antropomorfismo". Essa palavra complicada significa transferir aos animais (ou qualquer outra coisa) nossos conceitos, características e valores humanos. Simplificado para o nosso caso em questão, é o seguinte: a gente tem um conjunto de valores, expectativas, metas, etc, características da raça humana, e quando essas coisas nos são reprimidas ou negadas, ficamos infelizes. Aí, olhamos para um animal e se ele parecer estar sendo negado um valor que para nós humanos é importante, automaticamente concluímos que ele só pode estar infeliz também.

Mas isso não é necessariamente verdade, é preciso saber se aquele valor ou espectativa é realmente importante para o animal em questão. Só pra dar um exemplo bem gritante, imagine alguém achar que um cachorro deve ser infeliz porque só bebe água a vida toda, e nunca experimentou nada delicioso como um guaraná ou um suco de laranja.

De maneira geral, as expectativas dos animais na vida são MUITO, mas MUITO menos complexas que a de nós humanos. Eu lembro de ter visto um estudo americano de comportamento de cães, demonstrando que o conceito de "paraíso" para um cão parece ser realmente nada mais que ficar deitado o dia todo, a vida toda, sem precisar fazer absolutamente nada, o que para um ser humano típico seria um suplício a longo prazo.

Voltando aos peixes em aquário, é muito importante não cair na armadilha de imaginar como "nós" nos sentiríamos se estivéssemos na mesma situação deles, mas sim buscar indícios de que eles estejam tendo as suas expectativas razoavelmente preenchidas. E isso obviamente não é muito fácil de identificar, mas de maneira geral podemos dizer que, se o peixe tem uma alimentação satisfatória, apresenta uma saúde boa, tem uma interação normal com os seus companheiros de aquário (podendo até formar pares e acasalar, mas isso não é um requisito necessário pois também não acontece para todos na natureza), e o aquário é tal que ele tem um desenvolvimento normal, então esse peixe está verdadeiramente "feliz".

Não estou aqui querendo dizer que peixes ou quaisquer outros animais sejam meros autômatos, escravos da programação dos seus instintos. Muito pelo contrário, como todo criador de peixes com alguns anos de estrada, posso identificar perfeitamente (sem 'antropomorfismo') a presença de humores individuais em muitos dos peixes que crio, conferindo a cada um uma personalidade única característica de um ser superior, inteligente e emocional. Mas repito, apesar do assunto ser atual e polêmico, me parece bastante razoável supor que os peixes em geral têm expectativas muito mais simples e básicas do que nós: comer, dormir, acasalar, e pouco mais. Ou seja, um peixe não vai daqui até alí na natureza porque ele quer regojizar na sua liberdade e no seu arbítrio de poder fazê-lo, nem porque ele quer apreciar o trajeto até lá enquanto discute com os companheiros o milagre da sua existência. Ele vai até alí porque quer ficar longe de potenciais predadores, achar comida, ou talvez uma companheira. Se a comida e a companheira estiverem aqui mesmo e os predadores não estiverem, melhor! Pra que ir até lá? "Liberdade" é um valor racional e bastante humano, é preciso tomar muito cuidado ao transferí-lo para um animal.

Enfim, já tendo passado por crises e até abandonado o hobby por um tempo no passado por causa de dilemas morais assim, baseado nos argumentos expostos aqui neste artigo hoje em dia eu tenho a convicção de que os meus aquários são tais que os peixes gostam de onde estão morando, e tenho também a convicção de que o esforço coletivo dos aquaristas responsáveis, em particular os que têm presença forte na internet, está tendo um efeito muito mensurável na avanço do nosso hobby. O importante é ter essa preocupação em mente todo dia ao olhar como estão nossos peixes, e sempre fazer o possível pra manter e melhorar no que puder.


Texto por Marcos Ávila.

Manifesto do aquarista responsável - Leia e entenda!!!

1) Para cada espécie aquática, existe um conjunto de condições acessíveis (tamanho mínimo de aquário, companheiros, parâmetros da água, nutrição, etc.) nas quais ela pode ser mantida apropriadamente em cativeiro sem perda geral na sua qualidade de vida.

2) Para cada espécie aquática, existe um conjunto de procedimentos acessíveis para desenvolver programas de reprodução comercial, ou de coleta controlada, de forma a garantir um desenvolvimento sustentável para o ramo de aquarismo sem causar ameaça a longo prazo para as populações selvagens.

3) O aquarismo responsável é baseado na busca, aprendizado, desenvolvimento e promoção da consciência a respeito destas condições e procedimentos, tal que a nossa prática amadora ou profissional do hobby não ocorra às custas do bem estar dos nossos animais de estimação, nem em detrimento do ecosistema.

Por Marcos Ávila

12º encontro fórum aquário - Rio de Janeiro

Uma das melhores ocasiões para reencontrar e fazer amigos dentro do hobby são sem dúvidas os encontros organizados via internet pelos fóruns e pelo orkut. O evento aconteceu dia 19 de julho de 2008, de 10:00 às 16:00hs, sendo que o horário foi extrapolado mas ninguém reclamou...pq será? Certamente afinidades e o tom de confraternização foram o diferencial!!!

O evento contou com um fortíssimo envolvimento de várias empresas do setor além da logística da loja NO AR pet shop. Participaram as empresas: labcon, piscicultura chang, mbreda, aquamagazine, boyu, tetra import, maramar, prodac, aquarista junior, zoomed, sunshine piscicultura, mascheville, sarlo better, acquafauna, nutral, minhobox, produtos saraiva.

Como eventos educativos/elucidativos foram ministrados duas palestras magníficas com as temáticas "como balancear a alimentação do seu aquário" por Fábio Osório e "principais parâmetros físico-químicos no aquário" por Marcos Mataratzis. Um pouco antes do final os participantes puderam conversar e tirar várias dúvidas durante uma mesa redonda onde foram abordados temas dos mais variados conteúdos e todas corretamente comentadas e explicadas.

Muito bom saber que a nova geração pode contar com tantas pessoas bem informadas.

Segundo a listagem utilizada para o sorteio foram ao todo 113 participantes, excluindo aqueles que se ausentaram antes da hora do almoço. Foram tantos artigos sorteados que até fui agraciado com um pacote de plantas "made in mascheville"...rs Coisa fina viu...estão no ramo desde a década de 70 do séc. 20 qdo ninguém dava a mínima para plantas em aquários....rs.

Na foto ilustrativa meus amigos da comunidade "Clube do aquário". Vc pode participar a hora que quiser, basta usar o link abaixo:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=33323105

Frequente também a comunidade mais representativa do orkut sobre o tema "ictiopatologia". Vc pode participar a hora que quiser, basta usar o link abaixo:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=8238844

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Caramujos - Infestação e controle biológico em aquários


Durante muitos anos tenho acompanhado relatos de gente que sofre horrores com uma mega-explosão populacional de caracóis ou caramujos em seus aquários e que já fizeram de tudo para acabar com eles, e tudo que conseguem é uma goleada vergonhosa do tipo 12x0. Eu próprio já sofri uma invasão cruel destes moluscos gastrópodes que além de serem visualmente desagradáveis reproduzem-se numa velocidade impressionante. Por isso relatarei minha experiência pessoal no controle da praga sem a utilização de qualquer elemento químico ou das mãos(para esmagar os moluscos...ecaaaa).Antes de mais nada é preciso compreender o pq do potencial reprodutivo destes invasores. Na natureza são considerados elementos forrageiros, ou seja, servem de comida para grande parte da cadeia alimentar, dai a necessidade de uma postura contínua e elevada para compensar os ovos e larvas que serão predados(comidos). Em nossos aquários apesar da existência dos predadores principais que são os peixes, geralmente não existem os predadores dos ovos dos moluscos. E é justamente este o "calcanhar de aquiles" dos caramujos.Um controle biológico eficaz inicia-se sempre com a interrupção do ciclo reprodutivo, seja de um caramujo ou de qualquer outro organismo. Para isto o melhor predador ainda são os camarões! Não precisam ser de "estirpe" ou caros, podem ser os de rio mesmo, aqueles comuns de poucos centavos. Por nadarem em todos os níveis do aquário e por todas as reentrâncias localizam as posturas dos caramujos a tempo de não eclodirem. Muito eficientes na tarefa.




Mas o que fazer qdo já existem um milhão de caramujos no aquário?Bom para isso vc pode usar bomba incendiária ou napalm. Não tem jeito. Mas se teu propósito for controlar paulatinamente o teu problema pode ser resolvido com este segundo passo:Existem vários peixes que possuem predileção por moluscos, são conhecidos no jargão biológico como "malacófagos". Via de regra TODOS os ciclídeos podem desempenhar esta tarefa - até os fresquíssimos acarás-disco.Por experiência própria e por constatação "in loco" em outros aquários, existem alguns ciclídeos que possuem desempenho melhor que outros. Cito aqui: jóia(Hemichromis), xadrezinho(Crenicara), apistogramas, joaninhas(Crenichicla). Estes possuem bom desempenho em predar moluscos, embora sejam meio temperamentais com a vizinhança. Para que tenham máxima eficácia é preciso que não estejam de barriga cheia - deixe-os com fome, assim procuram aquilo que instintivamente lhes pareça comida. Inicialmente predarão apenas os menores, e só depois atacarão os caracóis de tamanho maior.Também entram na classe de predadores com comprovada eficácia os peixe-paraíso, mas pecam por terem apenas relativa avidez, saciam-se em pouco tempo e não consomem o molusco inteiro deixando a concha vazia rolando pelo aquário.O título da postagem não deixa dúvidas - "controle biológico" é por definição a utilização de recursos que a própria natureza disponibiliza para resolver muitos problemas. A imensa maioria não tem paciência necessária para ver os resultados, e porisso são comuns relatos de que tudo foi tentado mas não houve solução para a invasão gastrópode. Só lembrando que os ataques químicos são de extrema eficiência em matar todos os molusco, mas afetam indistintamente plantas, peixes e bactérias.
Na minha humilde opinião um "tiro no pé". Não recomendo....

Aquariofilia em prol do meio ambiente - A complexidade dos propósitos(Parte 1)

Qualquer um que seja levado a manter um aquário em casa ou em seu local de trabalho o faz por algumas razões, pode ser pelo simples prazer de apreciar as cores, formato e até pelo exotismo de alguns peixes. Num primeiro momento isto é tudo que um iniciante deseja - olhar para um micro-universo criado por ele próprio de acordo com sua imaginação e experiência. O que trago aqui é o questionamento de sua atividade perante o meio ambiente e a natureza.


Sabemos que a maioria dos peixes existentes no comércio especializado (excluo aqui outras modalidades de comércio) são provenientes de reprodução em cativeiro, seja pelas mãos de criatórios comerciais ou hobbistas avançados. A quase totalidade destes peixes não pertencem a ictiofauna brasileira, são mais conhecidos no jargão ambiental como "espécies exóticas". Para quem nunca ouviu ou leu algo a respeito darei uma "palhinha" aqui, ok.


"Espécies invasoras ou exóticas": são organismos que não pertencem a fauna ou flora original de um determinado local, país, bioma ou biotopo. Exemplos: pombo doméstico (Europa), pardal (Europa), galinha (Ásia), goiaba (México), tilápia (África), etc. Como podem ver bichinhos tão comuns para nós na verdade são de outros lugares! O problema começa qdo estes organismos (e muitos outros )encontram um ambiente que reune condições favoráveis para a multiplicação e fixação da espécie em detrimento da fauna e flora originais.


Mas o que são estes fatores que jogam a favor dos invasores?


1º - Oferta de alimento


2º - Ambiente para reprodução


3º - Ausência de predadores naturais


Estes 3 fatores sozinhos já possibilitam o aumento da população em velocidade exponencial na mesma proporção em que diminuem os organismos nativos. Um dado alarmante: as bioinvasões são a segunda razão do desaparecimento de várias espécies vivas só perdendo para a degradação ambiental (poluição e pressão urbana).


Perai....! O que tem a ver aquários e essa coisa de bioinvasão? Vou contextualizar, ok.


Uma pessoa comum dono de um aquário comum, iguais a tantos mundo afora. Esta pessoa vê numa loja um belíssimo peixe e resolve levar para casa um punhado deles e feliz da vida solta os novos moradores no aquário. Com o passar do tempo começa a notar que outros peixes começam a morrer ou ter pedaços de seus corpos mutilados, e descobre para o horror dele que são aqueles "belíssimos" peixes que comprou outro dia os culpados pela carnificina. Numa atitude intempestiva e vingativa retira aquelas "pragas" e atira-os na privada como se o problema ali terminasse. O problema na verdade só trocou de lugar: sai de um aquário e vai acontecer nos cursos de água nativos.


Em muitos rios que recebem efluentes domésticos sem tratamento é possível encontrar toda sorte de peixe que um dia foi ornamental. O impacto ambiental provocado por estes pequenos peixes pode ser considerados como alarmantes se pesquisarmos o equilíbrio do ecossistema atingido; reprodução desordenada, diminuição dos estoques naturais de comida, competição pelo espaço, alimento e ar dissolvido, etc....


E ai? Deu pra pegar o fio da meada? No passado estas questões que levanto não eram consideradas lesivas, ou melhor, nem consideradas eram!


A outra face ambiental de nosso hobby é relativo aos peixes capturados em seus ambientes naturais e transformados em ornamento. Muitos destes peixes são capturados dentro de áreas de preservação ambiental ou ambientes protegidos o que configura crime ambiental. O problema é de que forma podemos diferenciar um peixe ilegal de um legal(no sentido jurídico).


Sabemos que algumas espécies são muito especializadas e só existem em condições difíceis de ocorrer em mais de um local - dá-se o nome de "espécie endêmica" para estes organismos. Cito um exemplo clássico: o Leptolebias minimus que é encontrado nas drenagens oeste do rio Guandu(Rj). É nossa obrigação averiguar corretamente se o peixe que iremos levar para casa provem de coleta irregular e caso existam suspeitas, que rejeitemos tal anomalia ético/comercial.


Também levanto aqui o conceito de atividade sustentável que envolve a aquariofilia brasileira. Pq "sustentável"? Um dos conceitos de sustentabilidade é justamente de eleger as atividades humanas que geram fixação do ser humano em seu ramo de atividade conjugado com garantias de obtenção de renda causando baixos impactos ambientais qdo bem planejados e executados (estou sendo econômico na definição,ok) e sob esta ótica a aquicultura ornamental estabelece parâmetros de qualidade e ética oferecendo altíssima variedade de espécies de peixes. Qto as atividades de extrativismo na região amazônica digo que mesmo que ainda hajam muitos peixes oriundos da região amazônica estes são capturados obedecendo uma legislação federal e fiscalizados por um orgão DE governo (não confundir com "órgão DO governo"), e é claro respeitando os períodos em que as espécies estão se reproduzindo, mais conhecido como "período de defeso".


O título da postagem é "aquariofilia EM prol do meio ambiente", logo devemos imaginar como de fato podemos influenciar positivamente pessoas de nosso convívio nas questões ambientais e de que forma podemos contribuir para que o modelo ambiental atual mude privilegiando áreas naturais e a recomposição das já degradadas.


Como fazer isto usando um aquário? Minha experiência com aquários temáticos ensinou-me algo interessante: ninguém respeita o rio Tietê (no trecho urbano) ou o rio Sarapuí (Baixada fluminense) simplesmente pq NUNCA viu um rio com vida!!!! Ai está a validade de um aquário gente!!!! Mostrar que um rio não é simplesmente um curso de água com duas margens, e sim um ambiente onde é possível a existência de vida bela e diversificada; com peixes, crustáceos, insetos, larvas, plantas, etc....


Viram como é fácil mudar uma ótica urbana e antropocêntrica de meio ambiente hídrico? Temos um modelo educacional de potencial gigantesco em nossas casas!!!


Sempre que posso apresento este modelo de educação ambiental para as pessoas - afinal é mais e barato montar um aquário temático pantaneiro que levar as pessoas para o Mato Grosso!!!! Não é mesmo???


E ai, vamos montar um modelo educacional em casa?